sexta-feira, 24 de maio de 2013

Evolução das normas ISO de segurança de alimentos



Cor Groenveld, Diretor Corporativo de Serviços da Cadeia de Abastecimento da LRQA – Lloyds Register, Reino Unido, e Presidente da Foundation for Food Safety Certification, com sede na Holanda, discutiu a evolução da situação internacional em auditorias e certificação e FSSC 22000.
Comentou Cor que a segurança de alimentos, a qualidade e a sustentabilidade são prioridades para o desenvolvimento internacional, informando que “a abordagem do GFSI está crescendo rapidamente, e hoje já são mais de 200.000 certificados emitidos em todo o mundo. A demanda de certificação de terceira parte entre varejistas e fabricantes é crescente, assim como há interesse crescente em programas de auditorias na segunda parte personalizados. A “certificação de produto” está migrando para “certificação de sistema de gestão”, há uma expansão da exigência de sistema  de “garantia” ao longo de toda a cadeia de abastecimento; maior interesse em sistemas de gestão integrados baseados em análise de risco”. Acrescentou ele ainda que “as autoridades alimentares estão cada vez mais interessadas em usar a certificação de terceira parte.”

Fonte: site da Conferência
(Para melhor vizualização, clique na imagem)


Aqui eu gostaria de chamar a atenção do o leitor para que observe a posição da América Latina comparada com a da Europa e da Ásia e tire suas conclusões.

A seguir Cor mostrou quais são os escopos já disponíveis para a FSSC 2200, claro que desde que se implemente a ISO 22000 junto com uma “ISO 22002-X“, conforme tabela a seguir:

Fonte: site da Conferência
(Para melhor vizualização, clique na imagem)

Cor informou que a International Organization for Standardization está muito envolvida com o desenvolvimento das normas ISO para segurança de alimentos, enumerando as normas já em vigor: ISO/TS 22002-1: PPR para a fabricação de Alimentos, ISO/TS 22002-2: PPR para catering e a ISO/TS 22002-3: PPR para a agricultura, ISO 22003 Requisitos para auditorias ISO 22000, ISO 2204 Diretrizes para a ISO 22000 e ISO 22005 – Rastreabilidade, citando a seguir as que estão em desenvolvimento: as normas ISO/TS 22002-4 para embalagem e a ISO/TS 22002-5 para armazenagem e transporte.

Cor também relatou as possíveis futuras extensões da FSSC 22000 para:
• Produção primária (ISO / TS 22002-3)
Catering / Restaurantes (ISO / TS 22002-2)
• Varejo / supermercados (PAS 221)
• Armazenamento/ transporte (ainda sem número definido).

Finalizou ele sua apresentação afirmando que o que torna o FSSC 22000 diferente, segundo Cor é “o esquema com certificação do sistema de gestão, direção por um Conselho de Stakeholders, propriedade da fundação sem fins lucrativos, transparência e integridade. As auditorias também tornam o FSSC 22000 diferente, pois há foco no processo, auditorias com foco em análise de perigos, PPR (Programa de Pré Requisito), PPRO (Programa de Pré Requisito Operacional), PCC (ponto Crítico de Controle), gestão de elementos do sistema, garantia da cadeia de suprimentos e melhoria contínua.

Cor Groenveld, Fundação para a Certificação de Segurança de Alimentos, Holanda
Fonte: site da LRQA




Aqui vai um comentário meu: as normas declaradas como equivalentes pelo GFSI não têm diferenças significativas no “núcleo da segurança, até porque se tivessem, não poderiam ser equivalentes”. E é claro que cada “proprietário” de norma “puxa a sardinha para seu lado”.

Eu era muito mais fã da norma ISO 22000, até porque minha tese de doutoramento foi um case de implementação desta norma, mas hoje em dia, se a decisão fosse minha, eu não sei se escolheria esta norma, enquanto o conceito de PPRO não for melhor definido, o que sugeri várias vezes na CEET da ABNT quando o Brasil acompanhou o desenvolvimento desta norma como mero membro observador.

Observo que hoje há enorme confusão de entendimento do que é PPRO no mercado, e o pior é que há auditores de algumas certificadoras querendo interferir na metodologia adotada pelas empresa, o que jamais deve um auditor fazer: tem sido comum ver auditor exigir que o raciocínio lógico para demonstrar a inclusão de todos os aspectos solicitados no item 7.4 (análise de perigos) seja necessariamente via árvore decisória, chegando alguns até a solicitar modelos de árvores semelhantes aos adotados por eles em suas atividades de consultoria. Isso faz com que as árvores, que já são “confusórias” de per si, fiquem ainda mais “confusórias”. E o pior é que a ISO 22000 nem árvore decisória pede...

Por essas e por outras, fico cada vez mais fã da norma IFS e da BRC, pois em ambas o PPRO pode ser chamado de PCC e ponto final. Ou pode ser um ponto de controle que deve ser monitorado, verificado e validado, e cujo desvio resulta em produto potencialmente seguro. Resultado? O mesmo que o tal PPRO.



Seu comentário é bem vindo!

Para comentar, clique no título do post e desça até o final dele, onde será possível comentar na janela destinada a este fim.