Depois de alguns dias na fabulosa Tailândia, estou
novamente em Barcelona. Vim para cá via Cingapura, pela Singapore Airlines, que
recebeu de minha parte mais uma vez nota 10. Fiquei fã da empresa!
Vou começar hoje a série de posts técnicos,
iniciando por um assunto que me impressionou numa conversa que tive com
Frédéric Simon no stand da bioMérieux (os stands de expositores ficavam num
salão ao lado). Frédéric é Vice-Presidente dessa empresa, que tem sede na
França e é líder mundial em diagnósticos
in vitro na área de microbiologia para indústrias agro-alimentares,
cosméticos e bio-farmácia, mantendo também forte presença no Brasil.
Frédéric Simon – VP, Industry and Food Franchise
Director -bioMérieux
Foto: Ellen Lopes
Frédéric me explicou que a aquisição recentemente
anunciada da CEERAM - (European Centre for Expertise and Research on Microbial
Agents) por sua empresa teve o objetivo de expandir o portfólio de análise de
alimentos com os kits de detecção molecular de vírus, da marca ceeramTools®,
disponíveis para Norovirus (NoV) G1,
Norovirus (NoV) G2, Hepatite A (HAV),
Hepatite E (VHE), Enterovirus, Rotavirus e Astrovirus, entre outros.
Fonte: site da CEERAM
E por que isso me impressionou? Porque geralmente,
ao fazermos um estudo de APPCC/HACCP para agentes microbiológicos, concentramos
nossa atenção nas bactérias patogênicas, em suas toxinas e nas micotoxinas,
deixando de lado os vírus. Mas é sabido que o número de infecções por vírus
superam em muito o número das infecções bacterianas. Na minha visão, isso tem
acontecido porque acreditamos que seus efeitos tendem a ser mais brandos,
porque as formas de prevenção são as mesmas consagradas para agentes
bacterianos e, acredito que adicionalmente, pela dificuldade de verificação.
Mas temos que mudar esta forma de
pensar, pois o Codex Alimentarius, com base
em dados de vários países, afirma que “nos últimos anos, os vírus têm sido cada vez mais reconhecidos como
importantes causas de doenças veiculadas por alimentos (..). HAV* e rotavírus**s têm sido
identificados como os principais vírus transmitidas por alimentos, podendo
causar doenças graves e mortalidade significativa”.
Assim, a possibilidade de contar com
métodos rápidos de detecção de vírus vem ao encontro da necessidade de
passarmos a focalizar também os agentes virais nos nossos estudos de
APPCC/HACCP. Além disso, os kits facilitarão a identificação de surtos e
pesquisas por parte dos setores privado, governamental e acadêmico.
* e ** -
nota para quem quer saber como estes vírus se propagam
Os vírus entéricos humanos, como o NoV
e o HAV, são muito infecciosos, sendo a via de transmissão mais comum a propagação
de pessoa a pessoa. Disseminação secundária pode ocorrer, por exemplo, pela
contaminação de alimentos que não tenham passado por processos térmicos, ou que
tenham sido recontaminados, podendo ampliar e prolongar o surto. Podem ser
também transmitidos indiretamente, via contaminação da água e das superfícies.
Outros vírus, tais como o rotavírus, o vírus
da hepatite E (VHE), o astrovirus etc. podem também ser transmitido por
alimentos, e há também alguns vírus (vírus zoonóticos), que são transmitidos de
animais para humanos.
O produto seria da 3M ou bioMérieux?
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