Fernando Villasante, Técnico e Gerente da Qualidade da Martínez
Loriente, da Espanha, falou sobre a gestão de riscos de segurança de alimentos
em carne fresca embalada.
A Martínez Loriente é uma das empresas líderes na indústria da
carne na Espanha, especializada na produção de produtos frescos e processados de
carne. A empresa nasceu em 2002 a partir da união de três empresas: Enchidos
Martinez, Incarlopsa e Mercadona. Abaixo você encontra alguns números sobre
resultados da empresa em 2012.
Fonte: site da Conferência
(Para melhor vizualização, clique na imagem)
Como plano de fundo, em 1999 a Mercadona tinha um modelo de
comercialização de carne fundamentado na venda de bandejas individuas sem
atmosfera modificada, com prazo de validade de cinco dias e açougues no ponto
de venda. Mas existiam dificuldades: na segurança dos alimentos, e também com a qualidade,
especialmente quanto à uniformidade do produto.
Para fazer face a esse cenário, a Martínez Loriente tomou a
decisão de implementar um sistema mais robusto de qualidade e segurança de
alimentos e de centralizar a produção.
A partir deste ponto, Fernando, de forma muito transparente,
passou a detalhar todas as melhorias implementadas: padronizaram os métodos de
trabalho, com ênfase no monitoramento dos padrões de manipulação; intensificaram
os controles microbiológicos das matérias-primas e dos produtos finais, incorporaram
ITS (Information Technologies Solutions),
ou seja, soluções de tecnologia da informação) e introduziram bandejas
individuais com atmosfera modificada protetora.
Fernando Villasante, Martínez Loriente, da Espanha
Fonte: site da Conferência
Esta operação começou em 2002, em uma unidade localizada no
município de Cheste. Fernando relatou que a maior dificuldade encontrada foi na
implementação de ITS e que houve grande investimento para rapidamente treinar e capacitar um grande
número de pessoas. A partir deste piloto, o sistema foi implementado em
diferentes plantas de abate de bovinos, sendo introduzidas melhorias significativas
na qualidade e na segurança de alimentos, adotando as boas práticas em toda a
cadeia produtiva, e começaram a usar ácidos orgânicos na lavagem das carcaças. Aqui
faço um comentário: no Brasil o uso de ácidos orgânicos na lavagem das carcaças
não é permitido.
Em 2008 iniciaram operação de abate em uma planta própria na
cidade de Buñol, com o objetivo de introduzir melhorias de qualidade e de
segurança de alimentos.
Fonte: site da Conferência
(Para melhor vizualização, clique na imagem)
(Para melhor vizualização, clique na imagem)
Fernando enfatizou os três pilares da operação de melhoria:
- fornecedores de matérias primas
- R+D+i (P&D + atividades
de inovação)
- processos
Quanto a fornecedores de
matérias primas, Fernando mostra o caminho
a ser seguido: “é importante que a
empresa de fato conheça os sistema de gestão da segurança de seus fornecedores,
que tenha procedimentos de aprovação e planos de controle de perigos químicos e
microbiológicos apropriados. As ações nos fornecedores de animais (bovinos,
suínos, ovinos e aves) incluíram relação baseada em especificação e contrato de
fornecimento, auditorias nas fazendas com equipe própria ou terceirizada,
exigência de certificação em normas IFS ou BRC, aprovação baseada em estudos
microbiológicos do produto vendido e planos de controle de resíduos químicos
tanto na criação”. O plano de controle de resíduos químicos adotado incluiu:
substâncias não permitidas, como hormônios, beta-agonistas etc, antibióticos,
drogas veterinárias e poluentes ambientais.
As análises são feitas nas rações dos animais, na água e na
carne resultante.
Quanto ao R+D+i, com o objetivo de manter ao máximo as características do
produto e estender o prazo de validade, a empresa deu especial atenção à embalagem de uma forma sistêmica. Foram
estudadas interações dos produtos com os materiais de embalagens (tanto
bandejas como filme plástico) perante diferentes condições de armazenamento.
Foram estudadas embalagens com atmosfera protetora (MAP), constituídas de bandejas
de materiais poliméricos (PP, PET, poliestireno) mais material de barreira
(EVOH) e embalagem individual a vácuo. Além da interação produto e embalagem, várias
outras variáveis foram também estudadas: estabilidade da cor de carne em
diferentes condições de armazenamento; uso de nanotecnologia para otimizar barreira
contra UV; impacto de diferentes tipos de iluminação; uso de embalagens ativas
incorporando o uso de antioxidantes naturais adicionados ao filme; adequação do
volume de gás para a quantidade e tipo de produto; vedação e combinação de
sistemas de embalagem a vácuo e atmosfera modificada.
Ao nível do processo,
a Martínez Loriente adotou o controle preventivo da segurança de alimentos através
do sistema HACCP, com desdobramentos em GMP de instalações para evitar
contaminação cruzada tais como garantir fluxo do ar da área limpa para a suja,
espaçamento maior entre as estações de
trabalho na linha de abate; incorporação de RX para detectar não só metal, mas
também fragmentos de ossos, e também equipamento eletrônico para detecção de
falhas na selagem. Para garantia da rastreabilidade, caixas plásticas usadas
durante o processo foram identificadas com chips e os produtos finais passaram
ser identificados com rótulos com códigos 2D.
Gostaria de fazer alguns comentários finais: achei bem bacana a
transparência da Martínez Loriente, que mostrou com detalhes todo o caminho
adotado na evolução de seu sistema da qualidade e de segurança de alimentos,
especialmente o trabalho de R+D+i quanto ao “sistema de embalagem”, mostrando com
muita propriedade que há que se considerar todo o sistema envolvido, e não somente
o produto e a embalagem.
Outro ponto que me deixou bem satisfeita, foi ver que a parceria
Food Design + Safe Trace têm
competência para apoiar as empresas em soluções equivalentes à adotada pela Martínez
Loriente para a garantia da
rastreabilidade.
Seu comentário é bem vindo!
Para comentar, clique no título do post e desça até o final dele, onde será possível comentar na janela destinada a este fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários