Alistair Irvine, principal consultor em segurança de alimentos
para embalagens da Smithers Pira, do Reino Unido, abordou em sua paletra as
embalagens ativas e inteligentes e seu futuro.
A Smithers Pira é uma empresa
especializada em consultoria para pesquisas de mercado e de caráter
técnico para a cadeia de embalagens, nasceu em 1930 como PIRA - Printing
Industry Research Association, uma associação voltada a pesquisas para a área
de impressão, e hoje pertence integralmente ao The Smithers Group, com sede em
Ohio, Estados Unidos.
Iniciou Alistair relacionando os fatores mais comuns para
prolongar a vida de prateleira dos alimentos: pH, teor de açúcar, teor de sal,
teor alcoólico, escolha dos ingredientes, conservantes etc; condições de
processamento, como tempo e temperatura; manuseio, boa higiene e HACCP. Já em
relação a embalagens, os fatores importantes são o manuseio com boa higiene, prevenir
a deterioração por oxidação, reter a umidade, vedar para evitar a entrada de oxigênio e de microrganismos, e optar
por embalagens com enchimento asséptico ou com atmosfera modificada. O
pesquisador alertou que “é preciso ter um
equilíbrio entre tratamento térmico do processamento versus a escolha de
ingredientes, bem como da embalagem. É mais fácil ter produtos de longa
validade quando é possível processar a alta temperatura e/ou com presença de
sal e/ou açúcar. As condições de processamento podem alterar as propriedades
dos alimentos, mas às vezes isso não é indesejável. Embalagem e produto são
duas peças-chave da imagem da marca”.
Embalagem com atmosfera modificada – MAP significa alimentos
embalados sob uma atmosfera que contenha diferentes proporções de gases. O objetivo
é prolongar a vida dos alimentos, preservando ao máximo as propriedades
naturais do alimento, ao invés de usar conservantes ou usar outras abordagens
tradicionais. É preciso saber muito sobre a química dos alimentos para fazer
bom uso do MAP, de modo que o exemplo de MAP dado na palestra é apenas um
exemplo, e não uma solução universal. Esse método é altamente dependente dos
materiais disponíveis e, portanto, requer uma estreita cooperação com
fornecedores de embalagens. Alguns requisitos para MAP são: boas propriedades
de barreira dos materiais de embalagem (alta barreira ao O2 e água)
para garantir a manutenção do teor otimizado de gás, uso de filmes multicamadas
ou de materiais rígidos que contêm camadas de barreira de EVOH, nylon, PVdC
etc, e por fim, vedação hermética para garantir a integridade da embalagem. Embalagens
dificilmente oferecem barreiras perfeitas, mas o uso de embalagens ativas e
inteligentes podem ajudar a estender a validade.
Alistair deu um exemplo de MAP para carne e peixe fresco, onde o
alto nível de CO2 pode ser inibidor eficazes de crescimento de
bactérias e de fungos. Neste caso, uma atmosfera típica para carne seria 70% de
nitrogênio e 30% de dióxido de carbono (opcionalmente 0,4% de monóxido de
carbono pode ser adicionado para manter a cor vermelha).
Vale observar que embalagens ativas são definidas como “qualquer sistema de embalagem que realiza
uma função ativa além das características que o produto teria; propositadamente
interagindo com os conteúdos para proporcionar melhorias em termos de
qualidade, prazo de validade, a segurança e/ou a usabilidade”, enquanto
embalagem inteligente é um sistema de
embalagem que monitora, indica ou testa informações sobre a qualidade
propriamente dita, ou condições ambientais que afetam a qualidade do produto,
seu prazo de validade ou sua segurança, como por exemplo, indicadores de
frescor ou de temperatura”.
Ele mostrou que as embalagens ativas podem ser atingidas por dois
caminhos básicos. o primeiro é a remoção de substâncias indesejáveis de uma
embalagem e /ou dos alimentos (por exemplo, a captura de oxigênio, remoção de
etileno de frutas, utilização de grânulos de carvão ativado como desodorizante
etc.). O segundo é a migração de substâncias da embalagem para os alimentos,
como por exemplo, compostos antibacterianos, ou emissão de álcool para suprimir
mofos. Há também um caminho “híbrido”, mediante a utilização de substâncias
reguladoras de umidade, que podem aumentar ou reduzir o teor da umidade do
alimento.
Fonte: site da Conferência
Fonte: site da Conferência
Alistair relacionou os drivers
sob o ponto de vista do varejista para o uso de embalagens ativas ou
inteligentes: maior validade, menor desperdício, diferenciação do produto,
melhoria da qualidade e da segurança dos
alimentos, amadurecimento controlado de frutas permitindo deixá-las no ponto para
consumo, além de permitir a distribuição em cadeias de distribuição mais
longas. Do ponto de vista do consumidor os drivers
são: melhor aparência do produto, sabores mais naturais, teor de sal e
açúcar mais reduzidos, maior tempo de vida após a compra. Fatores que se contrapõem:
o aumento do custo de embalagem e a morosidade que pode existir na aprovação
legal, resistência do consumidor a desembolsar mais pelo produto, desejo de
consumir alimentos de cadeias mais curtas e menos “industriais” e objeções ao
uso de embalagem "excessiva”.
O FUTURO
Sobre o futuro, Alistair aposta que as categorias de produtos
onde o uso de embalagens A&I (ativas e inteligentes) serão fator chave são:
carnes e aves, refeições prontas para consumo, alimentos frescos, bebidas e cervejas.
“Ao longo dos próximos anos, a inovação será
incremental em vez de revolucionária, pois os consumidores estão menos
propensos a pagar um valor elevado para a novidade. É previsto que a
regulamentação das embalagens A&I para
a maioria dos países que a adotarem não deve ser uma barreira”. E finalizou
ele com algumas reflexões: “Como transmitir
e esclarecer os consumidores sobre os benefícios destas soluções? Como conseguir
que os elementos ativos de uma embalagem sejam vistos como parte integrante do
produto? Como conseguir o uso e aceitação, como por exemplo o que ocorreu com os
absorvedores de oxigênio no Japão, onde com população de 25% da UE, se atingiu um mercado três vezes maior para
esta embalagem ativa? As respostas a estas perguntas serão o que impulsionará o
crescimento das embalagens A&I”.
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