quarta-feira, 10 de abril de 2013

Iniciativas GFSI em países em desenvolvimento – case Argentina



Começo hoje a relatar exemplos sobre iniciativas de implementação de sistemas de gestão da segurança de alimentos com base no Programa Global Markets do GFSI em mercados emergentes.

Um ponto importante a ser observado pelo leitor é que em todos os exemplos apresentados pode-se claramente ver consubstanciada a ideia da responsabilidade compartilhada, tema da Conferência de 2012, e como esse conceito resultou em sucesso na Argentina, África do Sul e Malásia.

Começando pela Argentina, durante a Conferência pudemos assistir aos cases do Jumbo e o Wal-Mart, ambos apoiados pela ASU - União Argentina de Supermercados, apresentados respectivamente por Fabiana Meclazcke, Gerente de Qualidade, e por Fernando Avelleyra, Gerente da Segurança e Qualidade de Alimentos e da Divisão de Meio Ambiente.



Fabiana Meclazcke, Jumbo, Argentina
Foto autoria: Ellen Lopes


Primeiramente Fabiana apresentou uma análise do cenário do setor industrial, com ênfase nos produtores de alimentos de marca própria, cujos fornecedores vinham sendo submetidos a um enorme número de auditorias por ano: de 10 a 30. Relatou que isso implicava em um custo médio de 13 a 40.000 dólares por ano por produtor. Em 2011 uma Comissão da ASU responsável por discutir o assunto, após analisar alternativas fez um acordo para se unirem e trabalharem juntos em busca de uma solução.


Fonte: Site da Conferência


Fonte: Site da Conferência




Em 2012, esta Comissão decidiu que deveriam ter como objetivo principal a elevação dos padrões de segurança de alimentos, além de paralelamente reduzir o número de auditorias, buscar a proteção da marca, aumentar a confiança do consumidor e atender a legislação com vigor. Fabiana contou que vários desafios surgiram, sendo, o maior deles, conseguir uma decisão comum de qual caminho iriam percorrer para atingir este objetivo, além do envolvimento de outros intervenientes no mercado, a preocupação com comunicação e seleção dos instrutores para os treinamentos necessários.

O consenso foi formado em torno da ideia de seguir o programa do Global Market do GFSI. Para quem não sabe ainda do que se trata este programa, sugiro ler neste mesmo blog, o post denominado “Antes do início da Conferência”, de 7 de março de 2013, procurando a parte “Alessandra O. Chiareli participa do TWG Global Markets”.

Na sequência, Fernando do Wal-Mart, explicou as razões dessa escolha: “o modelo do Global Markets do GFSI induz o produtor a realizar mudanças graduais, promove a melhoria contínua de suas práticas e de seus processos, gera mais eficiência e rentabilidade, permite melhor gerenciamento de custo ao longo da cadeia de abastecimento, incentiva o trabalho em equipe, aumenta o compromisso pessoal com a empresa e promove a cultura de segurança de alimentos”.
  


Fernando Avelleyra, Wal-Mart, Argentina
Foto autoria: Ellen Lopes


Para elevar a conscientização, Fernando relatou que em setembro de 2012 foi realizado o 1o Fórum de Segurança de Alimentos com o tema: "Trabalho em conjunto para fornecer alimentos seguros aos nossos clientes”. Em novembro de 2012, o 1° Workshop de Segurança de Alimentos mostrou o sucesso obtido, sintetizado nos slides mostrados a seguir.




Fonte: Site da Conferência



Fonte: Site da Conferência



Fonte: Site da Conferência


Fernando concluiu que o desafio continua, tendo como próximos passos:
- a inclusão de mais empresas no programa
- criação de eventos de treinamento para os fornecedores
- estabelecimento pela ASU de uma política comum para os fornecedores
- harmonização com empresas de consultoria, de órgãos de certificação e do governo.

Ao assistir esse relato dos colegas da Argentina, confesso que fiquei com um pontinha de inveja – por que ainda no Brasil não conseguimos criar uma união dos varejistas em torno do objetivo “mais do que comum” da segurança de alimentos para os produtores de marca própria via um programa semelhante? Suponho que é porque ainda não se conseguiu colocar todos, ou os principais players, em torno de uma mesma mesa para discutir e sacramentar a tal responsabilidade compartilhada. Como representante de consultoria dedicada à cadeia de alimentos há 20 anos, coloco desde já a equipe da Food Design à disposição, com todo o nosso “arsenal” de expertise técnica e comportamental, e de quebra, toda a nossa paixão pelo assunto.

Aguarde os próximos posts sobre os exemplos da África do Sul e Malásia.



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