Com toda certeza, e graças aos
pobres cavalinhos que morreram para “virar boizinhos”, fraude é a “bola da
vez”. Fazendo referência ao que disse Petra, da Danone (ver post
anterior), casos de fraude têm
aumentado devido aos tempos economicamente mais difíceis - será que é só isso?
O post de hoje não
é fundamentado em palestras ou debates do GFSI, e sim sobre reflexões que fiz
ao atentar para a frase em negrito de um dos slides da Petra – veja no clipping
da esquerda: The much vaunted control of
big companies over their supply chains is looking tattered, o que em
português significa: “O controle tão alardeado por grandes empresas sobre suas
cadeias de suprimentos está parecendo esfarrapado”.
Fonte: site da Conferência
Como estou acostumada a pensar de forma sistêmica, a primeira
reflexão que me veio à mente é: será que a culpa é dos tempos economicamente
difíceis, ou as empresas é que não estão atentas aos problemas de fraude? Será
que a política do “mais baratinho” não pesa nisso? Essa política é cada vez
mais comum nos departamentos de compra das grandes empresas: o departamento da
qualidade tem de conseguir orçamento de três diferentes fornecedores. De posse desses
três orçamentos, o comprador, ou melhor, a empresa, assume que os três são de
mesmo nível de confiabilidade. Nada de errado nisto, se os três fornecedores
tivessem de fato sido avaliados de forma adequada quanto ao seu sistema de
GARANTIA da qualidade.
Ilustrando com fato real, mas obviamente contando o milagre
sem contar o santo: em uma auditoria, quando eu estava avaliando o critério de
seleção de um insumo – ácido fosfórico, pedi evidências de que fosse de grau
alimentício. Foi-me mostrado um laudo de análise do próprio fornecedor, que era
coreano. O laudo estava em inglês, claro! Questionei como havia sido feita a avaliação
do sistema de GARANTIA da qualidade do fornecedor – não havia sido feita, pois
o fornecedor ficava na Coréia e ficaria muito caro. Além disso, era ácido,
portanto a empresa o considerou de baixo risco (sim para risco microbiológico –
mas e os outros riscos?) e de acordo com sua política, para aprová-lo era só
pedir laudo. Assim a compra foi decidida apenas com base nos laudos dos
fornecedores e nos seus preços, ganhando
o mais barato, com “apenas” 15% abaixo do mais caro! O fato é que não nasci
ontem, e sei que milagres não acontecem facilmente. Sugeri à empresa tomar ela
mesma uma amostra e mandar para analisar em laboratório confiável (sugeri como critério
o laboratório ter certificação ISO 17025 para este tipo de análise).
Resultado: era grau técnico e não grau alimentício!
Conclusão: produto fraudado! “Negócio da China”, não? Mas não
vá inferindo que por isso eu tenha preconceito contra produtos da China ou
Coréia, não! Conheço muitos casos similares, mas fica apenas este como exemplo.
Próximo post: FRAUDE é
assunto para a INTERPOL - Você sabia?
“Stay tuned”: ainda há muito assunto até eu terminar de
relatar tudo o que pude captar na Conferência.
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