quinta-feira, 28 de março de 2013

Cuidado: o mais “barato” pode ser FRAUDE!



Com toda certeza, e graças aos pobres cavalinhos que morreram para “virar boizinhos”, fraude é a “bola da vez”. Fazendo referência ao que disse Petra, da Danone (ver post anterior), casos de fraude têm aumentado devido aos tempos economicamente mais difíceis - será que é só isso?

O post de hoje não é fundamentado em palestras ou debates do GFSI, e sim sobre reflexões que fiz ao atentar para a frase em negrito de um dos slides da Petra – veja no clipping da esquerda: The much vaunted control of big companies over their supply chains is looking tattered, o que em português significa: “O controle tão alardeado por grandes empresas sobre suas cadeias de suprimentos está parecendo esfarrapado”.

Fonte: site da Conferência



Como estou acostumada a pensar de forma sistêmica, a primeira reflexão que me veio à mente é: será que a culpa é dos tempos economicamente difíceis, ou as empresas é que não estão atentas aos problemas de fraude? Será que a política do “mais baratinho” não pesa nisso? Essa política é cada vez mais comum nos departamentos de compra das grandes empresas: o departamento da qualidade tem de conseguir orçamento de três diferentes fornecedores. De posse desses três orçamentos, o comprador, ou melhor, a empresa, assume que os três são de mesmo nível de confiabilidade. Nada de errado nisto, se os três fornecedores tivessem de fato sido avaliados de forma adequada quanto ao seu sistema de GARANTIA da qualidade.



Ilustrando com fato real, mas obviamente contando o milagre sem contar o santo: em uma auditoria, quando eu estava avaliando o critério de seleção de um insumo – ácido fosfórico, pedi evidências de que fosse de grau alimentício. Foi-me mostrado um laudo de análise do próprio fornecedor, que era coreano. O laudo estava em inglês, claro! Questionei como havia sido feita a avaliação do sistema de GARANTIA da qualidade do fornecedor – não havia sido feita, pois o fornecedor ficava na Coréia e ficaria muito caro. Além disso, era ácido, portanto a empresa o considerou de baixo risco (sim para risco microbiológico – mas e os outros riscos?) e de acordo com sua política, para aprová-lo era só pedir laudo. Assim a compra foi decidida apenas com base nos laudos dos fornecedores e nos seus preços, ganhando o mais barato, com “apenas” 15% abaixo do mais caro! O fato é que não nasci ontem, e sei que milagres não acontecem facilmente. Sugeri à empresa tomar ela mesma uma amostra e mandar para analisar em laboratório confiável (sugeri como critério o laboratório ter certificação ISO 17025 para este tipo de análise).



Resultado: era grau técnico e não grau alimentício!

Conclusão: produto fraudado! “Negócio da China”, não? Mas não vá inferindo que por isso eu tenha preconceito contra produtos da China ou Coréia, não! Conheço muitos casos similares, mas fica apenas este como exemplo.

Próximo post: FRAUDE é assunto para a INTERPOL - Você sabia?
“Stay tuned”: ainda há muito assunto até eu terminar de relatar tudo o que pude captar na Conferência.











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