Ao escrever sobre esta palestra, percebi
que o tempo que tive livre em Barcelona acabei gastando em boa parte, vejam só, com alimentos
produzidos localmente! Com meu marido saboreei uma deliciosa paella, com muito
sabor e “cor” local no restaurante Caracoles, fundado em 1835. Em Sitges, nos
arredores da cidade, comi uma entrada de melão com presunto ibérico pata negra
tipo bellota. Este presunto é produzido
a partir de porcos negros, de raça ibérica, criados não confinados, e se alimentam
com nozes de carvalho. Em Vic, encantadora cidadezinha, a 70 km de Barcelona, visitamos
uma tradicional casa de embutidos produzidos localmente, uma famosa casa de
chocolates lá produzidos artesanalmente, e um restaurante divino, o Ca L’u, onde
me deliciei com arròs negre e bescuit cremat amb xocolata tudo claro,
feito localmente.
Mosaico decorativo em uma
loja de embutidos em Vic, Espanha.
Autor da foto: Ellen Lopes
Isso tudo me fez lembrar o interessante questionamento
colocado por Valentin Almansa de Lara, Diretor do Departamento de Saúde de
Produtos Animais e Vegetais do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente
da Espanha, sobre a crença de alguns consumidores de que a produção local possa
ser mais segura: “num mundo interconectado globalmente, mesmo alimentos produzidos
localmente podem resultar em eventos de dimensão internacional. Deu como exemplo
o evento da E. coli O104:H4 ocorrido em 2011, ligado a broto de feijão,
envolveu apenas na Alemanha, mais de 4 mil pessoas infectadas e 48 mortes,
afetando também um grande número de consumidores, de pelo menos 16 países, que
tinham viajado para a Alemanha”.
“O sentimento relacionado ao seu país, ou à sua região, à
sua tradição, do que é bem conhecido e familiar é que traz esta sensação de
segurança”, discorreu ele. Este sentimento pode ser explorado como estratégia
de marketing, que ele chamou de “marketing defensivo”, o que pode interferir no
preço, para maior ou para menor, conforme a situação. No caso da E. coli
0104:H4 acima mencionado, os produtores espanhóis sentiram na pele este efeito,
pois, como num primeiro momento, culpou-se os pepinos exportados pela Espanha, eles
tiveram que baixar o preço para poder recuperar mercados.
Felizmente os produtos locais que degustei não provocaram
nenhum evento de dimensões internacionais ao longo da viagem. Ainda bem, porque
“evento internacional” em avião é algo coisa nada agradável.
Seu comentário é bem vindo!
Para comentar, clique no título do post e desça até o final dele, onde será possível comentar na janela destinada a este fim.
Isso tudo me fez lembrar o interessante questionamento
colocado por Valentin Almansa de Lara, Diretor do Departamento de Saúde de
Produtos Animais e Vegetais do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente
da Espanha, sobre a crença de alguns consumidores de que a produção local possa
ser mais segura: “num mundo interconectado globalmente, mesmo alimentos produzidos
localmente podem resultar em eventos de dimensão internacional. Deu como exemplo
o evento da E. coli O104:H4 ocorrido em 2011, ligado a broto de feijão,
envolveu apenas na Alemanha, mais de 4 mil pessoas infectadas e 48 mortes,
afetando também um grande número de consumidores, de pelo menos 16 países, que
tinham viajado para a Alemanha”.
“O sentimento relacionado ao seu país, ou à sua região, à
sua tradição, do que é bem conhecido e familiar é que traz esta sensação de
segurança”, discorreu ele. Este sentimento pode ser explorado como estratégia
de marketing, que ele chamou de “marketing defensivo”, o que pode interferir no
preço, para maior ou para menor, conforme a situação. No caso da E. coli
0104:H4 acima mencionado, os produtores espanhóis sentiram na pele este efeito,
pois, como num primeiro momento, culpou-se os pepinos exportados pela Espanha, eles
tiveram que baixar o preço para poder recuperar mercados.
Felizmente os produtos locais que degustei não provocaram
nenhum evento de dimensões internacionais ao longo da viagem. Ainda bem, porque
“evento internacional” em avião é algo coisa nada agradável.
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O sentimento de "local é bom" é o mesmo que faz um pai dar leite de vaca cru de beira de estrada a um filho durante um passeio no sítio da família, não?
ResponderExcluirNo Brasil e no Uruguai vejo que os alimentos de melhor qualidade e maior segurança são os que são exportados - porque os importadores exigem. O que sobra, vai para distribuição nacional ou então, local (restrito ao município). Nossas autoridades e nossos fiscais sanitários, que deveriam proteger a população, muitas vezes não tem competência alguma para avaliar a questão do ponto de vista de segurança de alimentos. Até quando?
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