Trevor Suslow, Especialista e Pesquisador da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, destacou que existem deficiências e lacunas na produção primária de vegetais que permanecem até hoje como: a compreensão da dispersão do patógeno e da sua chegada nas culturas, sendo assim insuficientes para fornecer à indústria e à saúde pública alguma experiência útil e dados importantes.
Trevor Suslow, Universidade da Califórnia, Estados Unidos
Lições aprendidas com surtos e pesquisas levaram a mudanças importantes na
consciência e na redução de riscos, ou ainda nos controles preventivos. Em
outros casos, as lições aprendidas parecem mais um paradoxo entre a prática e o
observado.
Documentos de orientação para as culturas específicas surgiram a partir de
surtos, tais como o que ocorreu com cebola verde em 2003 na Pensilvânia,
levando a 4 mortes e 650 pessoas infectadas por Hepatite A. Se formos avaliar o
problema, a cebola verde passa em média por 12 mãos humanas diferentes entre a
colheita e a embalagem. Além disto temos as condições das ferramentas e dos utensílios,
muitas vezes colocados diretamente no solo, aumentando ainda mais as
possibilidades de contaminação durante a manipulação.
Outro surto foi o que envolveu alface picada em 2006, contaminada por
E.coli O157-lettuce, onde os problemas podem estar enraizados em situações
como: águas residuais da fazenda de lácteos aplicadas às culturas de áreas
adjacentes, variante de E. coli encontrado na fazenda vizinha e em vários
locais da fazenda. Será que os transportes de água estavam interligados? Outras
contribuições poderiam ser a própria movimentação de pássaros e a presença de lagoas
de tratamento de resíduos.
Aprendizados obtidos com os surtos mais recentes no que se refere à qualidade
da água:
Dragagem e Algas: sedimentos e macroalgas abrigam patógenos entéricos,
dragagem durante a temporada é arriscado, bem como durante a irrigação. Adição
de peixes no reservatório adiciona risco desnecessário.
Análises: presença de indicadores não refletem fielmente contaminação
fecal recente ou esporádica, a presença de patógenos na água não reflete com
precisão o risco de contaminação das culturas persistentes (cinética die-off),
além de haver insuficiência de elementos quantitativos sobre os níveis de
patógenos em mananciais.
Controles: correções de crescimento de algas através de tratamento e
aeração, isolamento dos reservatórios, bem como testes e inspeções passam a ser
práticas comuns, e outros mecanismos para garantir a qualidade da água
utilizada como filtração com ozônio ou UV.
Trevor ressaltou que há crescentes expectativas do FDA e de grupos de
consumidores para demonstrar e documentar a eficácia das medidas preventivas e
ações corretivas. É razoável supor que a maior pressão estará do lado da
oferta, de ambos os compradores e os reguladores.
Além do avanço já atingido no setor da indústria, precisamos avançar, e
muito, na cadeia primária. A maioria dos produtores estão mal preparados e não
têm um suporte técnico adequado e acesso a formação específica a fim de
sensibilizar o desenvolvimento destes sistemas de forma mais segura.
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