quinta-feira, 10 de abril de 2014

Fresco, saudável e seguro?


Trevor Suslow, Especialista e Pesquisador da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, destacou que existem deficiências e lacunas na produção primária de vegetais que permanecem até hoje como: a compreensão da dispersão do patógeno e da sua chegada nas culturas, sendo assim insuficientes para fornecer à indústria e à saúde pública alguma experiência útil e dados importantes.

Trevor Suslow, Universidade da Califórnia, Estados Unidos

Lições aprendidas com surtos e pesquisas levaram a mudanças importantes na consciência e na redução de riscos, ou ainda nos controles preventivos. Em outros casos, as lições aprendidas parecem mais um paradoxo entre a prática e o observado.

Documentos de orientação para as culturas específicas surgiram a partir de surtos, tais como o que ocorreu com cebola verde em 2003 na Pensilvânia, levando a 4 mortes e 650 pessoas infectadas por Hepatite A. Se formos avaliar o problema, a cebola verde passa em média por 12 mãos humanas diferentes entre a colheita e a embalagem. Além disto temos as condições das ferramentas e dos utensílios, muitas vezes colocados diretamente no solo, aumentando ainda mais as possibilidades de contaminação durante a manipulação.

Outro surto foi o que envolveu alface picada em 2006, contaminada por E.coli O157-lettuce, onde os problemas podem estar enraizados em situações como: águas residuais da fazenda de lácteos aplicadas às culturas de áreas adjacentes, variante de E. coli encontrado na fazenda vizinha e em vários locais da fazenda. Será que os transportes de água estavam interligados? Outras contribuições poderiam ser a própria movimentação de pássaros e a presença de lagoas de tratamento de resíduos.

Aprendizados obtidos com os surtos mais recentes no que se refere à qualidade da água:

Dragagem e Algas: sedimentos e macroalgas abrigam patógenos entéricos, dragagem durante a temporada é arriscado, bem como durante a irrigação. Adição de peixes no reservatório adiciona risco desnecessário.

Análises: presença de indicadores não refletem fielmente contaminação fecal recente ou esporádica, a presença de patógenos na água não reflete com precisão o risco de contaminação das culturas persistentes (cinética die-off), além de haver insuficiência de elementos quantitativos sobre os níveis de patógenos em mananciais.

Controles: correções de crescimento de algas através de tratamento e aeração, isolamento dos reservatórios, bem como testes e inspeções passam a ser práticas comuns, e outros mecanismos para garantir a qualidade da água utilizada como filtração com ozônio ou UV.

Trevor ressaltou que há crescentes expectativas do FDA e de grupos de consumidores para demonstrar e documentar a eficácia das medidas preventivas e ações corretivas. É razoável supor que a maior pressão estará do lado da oferta, de ambos os compradores e os reguladores.

Além do avanço já atingido no setor da indústria, precisamos avançar, e muito, na cadeia primária. A maioria dos produtores estão mal preparados e não têm um suporte técnico adequado e acesso a formação específica a fim de sensibilizar o desenvolvimento destes sistemas de forma mais segura.
 

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