Este estudo de caso foi apresentado por Martin Wiedmann, professor da Universidade de Cornell e Diretor de Pós-Graduação para a
área de Ciência e Tecnologia. Ele era um membro do Grupo de Trabalho sobre
surtos de Listeria, que foi homenageado pelo Prêmio do Secretário do USDA em
2000.
Martin Wiedmann, Universidade de Cornell, Estados Unidos.
Foto: Flickr/ GFSI
As avaliações de risco para Listeria monocytogenes no varejo foram feitas de forma integrada
entre as diferentes agências regulatórias, resultando em dados importantes:
prevalência de 1.600 casos da doença, e 255 mortes/ ano nos Estados Unidos, o
que equivale a cerca de 0,5 casos/ milhão de habitantes, sendo classificada em terceira
lugar no ranking de mortes provocadas por doenças transmitidas por alimentos
por ano naquele país.
Nós, da Food Design, em estudos sobre a Listeria já
havíamos constatado o que Martin também alertou que a L. monocytogenes persistiu viável em tapetes de borracha, apesar da
limpeza e desinfecção. Isso ocorreu, pois a Listeria ficou protegida da ação do
desinfetante em "micro-fissuras" do tapete, podendo ser extraída
dessas fissuras por pressão, quando alguém pisa no tapete.
Continuou ele relatando que estudo retrospectivo
forneceu evidências de que a L.
monocytogenes teve persistência em 16 dentre 50 estabelecimentos de varejo
avaliados. A contaminação de origem no varejo foi estimada em 63 a 84% dos
casos de listeriose provenientes de frios (deli
meats). Aproximadamente 83% dessas doenças e mortes de L. monocytogenes são
atribuídas a frios cortados e embalados em instalações de varejo. Outro dado
interessante foi que entre 4.512 amostras foram encontradas 9,4% delas com resultado eram positivo para
L. monocytogenes, sendo: 4,5% das
amostras referentes a superfícies de contato direto com alimento; 3,3% das
amostras eram de "pontos de transferência" e 14,1% das amostras de
"superfície de contato indireto".
Para controlar a L.
monocytogenes nesta condição do varejo, os pesquisadores envolvidos no
estudo fizeram várias simulações com o objetivo de comparar e concluir qual
seria o melhor resultado para das seguintes opções de intervenções:
- Controle da multiplicação por alterações de formulação dos produtos, ampliando as barreiras intrínsecas à multiplicação da Listeria
- Controle de contaminação cruzada
- Controle de contaminação em produtos recebidos
- Cuidados de contaminação em produtos recebidos
- Foco em rotas principais de contaminação e contaminação cruzada (por exemplo, nas máquinas de fatiar).
O melhor resultado obtido foi de longe a opção
alterações de formulação dos produtos, ampliando as barreiras intrínsecas à
multiplicação da Listeria. O estudo chegou até este passo, faltando ainda a
implementação da opção escolhida, o que vai envolver uma ação de gestão junto
ao passo anterior da cadeia produtiva, solicitando aos fabricantes que pesquisem e selecionem alterações capazes de
atingir o objetivo de reduzir os riscos de multiplicação nos passos seguintes
da cadeia.
Martin finalizou concluindo que “contaminação por L. monocytogenes é um desafio em toda a cadeia de alimentos,
não apenas em instalações de processamento, representando portanto um desafio
considerável também para o varejo".
Meu comentário
O estudo é bem interessante e importante, mas a
reformulação do produto aumentando as barreiras é um grande desafio, porque
para muitos produtos o consumidor deseja características sensoriais cada vez
mais próximas de produto mais natural e ou mais caseiro. Entretanto, a
tecnologia de múltiplas barreiras, “Hurdle
Technology”, do famoso pesquisador Lothar Leistner, pode em muito auxiliar
a tarefa das empresas produtoras de frios.
Apoio de redação: Pablo Laube
Apoio de publicação: Thaís Ferreira
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Sugiro que quem é da área varejo não deixe de ler este post!
ResponderExcluirObrigada pela sua sugestão. Att, Ellen
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